Vestiu-se de negro
E chorou seu luto.
Dias e meses se escoaram
Sem que sequer notasse.
Dentro da clausura,
Que ela mesma se impingiu,
Havia pouco espaço.
O ar, abafado e úmido,
Exercia poderes estranhos sobre ela.
Seus movimentos restavam
Cada vez mais tolhidos.
Não ligava.
Passado algum tempo
E tomada por um pensamento estranho,
Começou a ter uma necessidade
Inexplicável do sol que
Entrava pelo pequeno orifício superior do cômodo.
Queria alcançá-lo a qualquer custo.
Foi espregiçando-se, lentamente,
Rumo ao teto
Que se deu conta da transformação.
Surpreendeu-se ao perceber que
Havia, finalmente, germinado e renascido
Nutrida apenas pelo húmus
Da sua antiga casca.
12 comentários:
Assustadoramente lindo!
Um beijo grande
Com o ancinho
removeu as pedras
que supôs
lhe poderem impedir o caminho
Removeu, amolecendo, a terra
que sachou
retirando dela
ervas daninhas
que por ali encontrou
Era necessário
que após a germinação
tivesse a melhor sorte
crescendo e florescendo
bela e forte
Se a flor aparecer assim
tal se deve a mim
que sei o segredo
de onde as flores chegam
crescendo tantas vezes a medo
Gisa
Arrepiei!!! Gostei imenso.
Beijinho
Realmente estou arrepiada, deu para sentir as palavras, e seu significado, muito bom, parabéns.
Se superando a cada post!
Beijoos.
Flutuei em cada verso...
bjs meus
Mostrou em versos a capacidade de reprodução, quando ainda existe vida.
Bjs.
C'est joli. On se sent transporté.
Bonne journée, Gisa!
Renascer implica em esgotar todas as fases, inclusive o luto. Teu texto é forte e cinematográfico, Gisa! Frequentemente consigo visualizar o que tuas palavras descrevem.
Bjo, querida.
Interessante poema, no início achamos uma coisa, e no final, a verdade é revelada!!
Incrível Gisa! Os meus olhos brilharam com este texto.
Como curiosidade, uma das obras mais fantásticas da literatura portuguesa (para mim) é o "Húmus" do Raul Brandão. Eu amo esse livro.
Mil beijos.
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