domingo, 20 de dezembro de 2015

JURA

Estava lotada de cansaços.
Ansiava viver do seu modo,
Mas, quando menos percebia,
Esforçava-se a agradar os outros.
E os outros?
Nunca se contentavam, é claro.
Um dia virou nuvem 
E, disfarçada de vento,
Fugiu para atrás da colina.
Que se contentassem, ou não,
Sozinhos.
Estava farta!
Nada mais iria lhe atrapalhar!
Jurou a si própria!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

INCOMPREENSÃO

Incompreendia a incompreensão
De todos acerca de sua pessoa.
Era clara, transparente e volátil,
Mas perfeitamente táctil.
Falava, sempre da forma mais ponderada.
Palavras, ainda que não unívocas,
Possuíam significados bem delimitados
Capazes de apaziguar a tormenta.
Sabia de seus dotes com a certeza dos céticos.
Incompreendia a incompreensão 
De todos acerca de sua pessoa.
Será que a clareza ofusca?
Será que o nevoeiro dos olhos alheios impede?
Incompreendia a incompreensão
De todos acerca de sua pessoa.

sábado, 12 de dezembro de 2015

PRESA

Pertencia.
Almejava pertencer
A si própria,
Mas pelo visto,
A carta de alforria
Iria tardar.
Enquanto esperava,
Tecia os dias, meses, anos...
Na esperança de que
Ao findar a rede
O prêmio final alcançasse...
Por ora seguia.
Pertencia.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

CONFIANTE

Olhava os lados negros das nuvens.
Carregadas de tempestades
A ameaçavam sem cessar.
Raios e trovões prenunciavam
Os acontecimentos.
Ventos repletos de areia e folhas
A impediam de ver com clareza
Não se intimidaria,
Na certeza de que havia um sol
Por detrás de tudo isso.
Dançou comemorando a caída
Das primeiras gotas de chuva.