sábado, 12 de novembro de 2016

PISTAS

Quero te ter no escuro dos meus olhos.
Aprisionado em meus sonhos e luxúrias.
Escapa, vai.
Mas foge muito rápido.
Já estou no teu encalço.
As pistas não me enganam.
Te vejo em breve,
Muito em breve.
Aguarda.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

SENSAÇÕES

De dentro da sua bolha translúcida
Divertia-se em ver a vida furta-cor
De-sen-ro-lar-se
Em câmara lenta.
Daria tudo para sentir a brisa nos cabelos
Pelo menos uma única vez.
Sensações vistas não surtem efeitos...

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

JOGO

Seduzida? Estava.
Envolvida? Plenamente.
Querendo? Muito.
Podendo? Nunca.

Embaralhando-se as cartas...

Querendo? Plenamente.
Podendo? Estava.
Envolvida? Nunca.
Seduzida? Muito.


Bati!

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

CONFUSO

No chão colorido de guarda-chuvas abertos
Dançava a melodias dos pingos.
As nuvens, enfeitiçadas, com tanta leveza
Estancavam de susto.
O sol, aproveitando tamanho descuido,
Raiava com força e calor.
O dia arrastava-se na modorra da tarde.
Úmido e quente,
Sob os enfáticos aplausos da mudança de emoções.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

ITAS

Excitas
Complicas
Irritas
A-fli-tas

Gritas
Orbitas
Fitas
Sus-ci-tas

Facilitas
Visitas
Benditas
A-cre-di-tas

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

SEPULTURA

Os segundos
Do olhar sustentado
Foram bastantes
Para incendiar o sonho.
Da dança calada 
Das visões que se entrelaçam
Surgiu o vento.
Entre chamas e faíscas
Encontra-se a certeza da dor.
Afastamento necessário
E não querido.
Realidade versus desejo.
Luta desigual que sepulta
Amantes em probabilidades
Mudas violentadas.

sábado, 2 de julho de 2016

VALE?

Se fosse possível,
Valeria a pena.
Sentir o sentimento sentido
Com novo gosto.
Viver novos focos e enfoques,
Pois nada se repete, tal e qual.
Se fosse possível,
Valeria a pena.
Tento?

domingo, 29 de maio de 2016

FIM

Com gosto de fim
Deixa o pano cair.
"Apaguem-se as luzes!" - ordena!
Encerrem-se todos os atos,
Todas as remontagens,
Todos as releituras.
Queimem-se os roteiros.
Fechem as portas
Incendeiem-se os teatros.
Fim, para sempre
Com toda atmosfera noir que merece.
Fim, para nunca mais.
Cansada. Foi. Fim.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

COMO ERA?

Há muito havia perdido 
Seu rosto para o espelho.
A cada manhã, mirava no vidro polido
E este escolhia a face do dia.
Sorridente, séria, sóbria, braba...
Esquecera-se de como poderia querer
Ser o seu próprio reflexo.
Pior,
Acostumara-se com a praticidade
Do pronto e acabado.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

VITÓRIAS?

Escrevo com a tinta verde
Que extraio dos teus olhos.
Tua proximidade
Arromba minhas trancas.
Coloco-me nua na tua mesa.
Entrego-me aos teus sonhos e caprichos.
Sou curiosa.
Quero ver se existem vencedores.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

PLANO

Ao vê-lo,
Curiosa, escorregava 
Pelas entrelinhas.
Em meio a arabesques
Dançava por espaços vagos
Da sua respiração.
Queria que ele a notasse,
Assim, de mansinho.
E, sem perceber,
Se entregasse, sonolento,
Aos seus mais delicados 
E mundanos
Caprichos.

domingo, 17 de abril de 2016

ELA

Dos equipamentos da felicidade,
Tinha o sorriso.
Iluminava até os dias mais chuvosos.
A gargalhada era tão potente
Que era capaz de fazer cessar nevascas.
Debochada,
Fazia a vida correr atrás dela.
E, absurdamente escabelada,
Ela corria.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

SOPA

Fugiu da caixnha das expectativas
E apareceu, em forma de labareda,
Bem no meio da sala de jantar.
Assustados, aqueles que tomavam
Automaticamente a sopa fria e gordurosa
Dos tempos sem brilho,
Acovardaram-se diante da inusitada presença.
Perguntavam-se, entre parênteses, 
O que teria ocorrido de fato.
Subindo na mesa, no alto de seu salto 15,
Dançou por entre os pratos
Alcançando a vetusta cabeceira.
Sentou-se indecorosamente de pernas abertas
E, gritando falas desconexas,
Atingiu o orgasmo recolhido há tanto.
Exausta, sucumbiu ao vento forte,
Que a carregou para todo o sempre.
Ao fim de tão trágica cena,
Voltaram à mesa aqueles que dela
Nunca saíram, suspirando, entre aspas,
Os desejos rotos e inconfessáveis.
A sopa congelou.

terça-feira, 8 de março de 2016

ELA

Feita de rocha e fluidos
Era ora terra, ora ar.
Atingia todas as gamas de cores
E de sabores e,
Dependendo da ocasião,
Era todos simultaneamente.
Humores? Vários.
De acordo com a roupa 
E o tamanho do salto.
Lutava chorando,
Chorava sorrindo
Sorria lutando.
Cada dia vibrava em um tom,
Mas nunca perdia a melodia.
Incompleta eterna
Incomodava-se, ou não,
Com a completude ou falta dela.
Seguia a vida e deixava-se levar
Pelo vento
Pelo som
Pelo tudo
Pelo nada
Pelo simples prazer 
De ser quem é.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

sábado, 20 de fevereiro de 2016

ILUSÃO?

Inventou o sonho.
Despediu-se da realidade
Sem pestanejar.
Partiu por sua estrada cor de rosa
Rumo ao arco íris
Seguida pelo bando,
Alvoroçado,
De coloridas borboletas.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

OLHAR

O mar sentou-se para ouvi-la.
Exigiu silêncio às ondas.
Adormeceu os peixes e apagou o sol.
Ela, comovida com tanta atenção,
Iniciou sua fala de inseguranças.
Riu, chorou, ponderou.
Ao final da exposição,
O mar ergueu-se olhando-a nos olhos.
Ela confiava nele.
Deixou-se abraçar sem temor.
Desapareceu para todo seu sempre,
Na certeza do novo todo prometido
Na luz daquele olhar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

TARDE

Era verão e chovia.
A nostalgia invadiu-a pelas narinas.
O atrito dos corpos foi relembrado pela pele.
A lingua reviveu o sabor do suor
Sorvido no lúdico passeio pelo corpo.
Rostos tensos e absortos
Pela busca do prazer total
Voltaram como flashs sombrios.
Concentração no ritmo.
Mistério coberto de névoas e sensações.
A tarde anoiteceu cúmplice dos instantes.
Os instantes anoiteceram na alma
Na esperança de aflorarem mais uma vez
Em uma nova tarde...
Será tarde?

domingo, 7 de fevereiro de 2016

PROTEÇÃO

Do guarda-chuva amarelo
Caíram corações coloridos.
Animou-se para enfrentar a tempestade
Cinzenta.

domingo, 24 de janeiro de 2016

EGOÍSTA

Mantinha a alma prisioneira
No corpo remendado.
A cada impacto, 
Apressava-se a cerzir, costurar, remendar.
Tinha pavor da ideia de perdê-la,
Sabia que seria para sempre.
Não aguentaria seguir sem ela.
A tristeza que se impingia
Só teria sentido
Com o sofrimento dela também.

domingo, 17 de janeiro de 2016

IMAGEM

Tinha um balão cheio de si.
Ali guardava seus sonhos, desejos,
Angústias e desilusões.
Desfilava, todos os dias,
Na frente de todos,
Com ele, grande, inflado, colorido,
Flutuando sob sua cabeça
Preso apenas pelo fino
Cordão dourado.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

ENIGMA

O problema.
Não podia viver sem ele.
Qualquer solução,
Alguma solução,
Uma tentativa de solução,
A solução,
Não serviam,
Não conseguiria viver sem
O problema.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

IMPERTINÊNCIAS

Passados impertinentes
Andam sozinhos nas ruas
Desafiando o presente
Que os pensa além das luas.

Luas de suspiros,
Luas de muitos ais,
Luas de aguaceiros
De tardes quentes demais.

Muitos anos se passaram
E a sensação retorna fresca,
Como foi doce o momento
De intensidade gigantesca.

Um jovem, pele macia,
Uma mulher, plena e intensa,
Colorida lembrança
Deixa respiração suspensa.

Passado vai e passa,
Com tamanha desfaçatez
Sorri, com desdém, e sai
Quer toda cena outra vez!